ATA DA CENTÉSIMA QUARTA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 19.11.1997.

 


Aos dezenove dias do mês de novembro do ano de mil novecentos e noventa e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Antonio Hohlfeldt, Antônio Losada, Carlos Garcia, Cláudio Sebenelo, Clovis Ilgenfritz, Cyro Martini, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, João Carlos Nedel, João Dib, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães e Tereza Franco. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Anamaria Negroni, Clênia Maranhão, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, Luiz Braz, Pedro Américo Leal e Pedro Ruas. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Quarta Sessão Especial, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, 02 Pedidos de Providências; pelo Vereador Carlos Garcia, a Indicação nº 124/97 (Processo nº 3294/97); pelo Vereador Hélio Corbellini, o Projeto de Lei do Legislativo nº 205/97 (Processo nº 3488/97); pela Vereadora Tereza Franco, a Indicação nº 130/97 (Processo nº 3487/97). Ainda, foram apregoados os Ofícios nºs 516 e 517/97, de autoria do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, encaminhando, respectivamente, o Projeto de Lei do Executivo nº 57/97 (Processo nº 3490/97) e o Veto Parcial ao Projeto de Lei do Executivo nº 36/97 (Processo nº 2447/97). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 17/97, do Senhor Hailton Terra de Jesus, Presidente do Grêmio Esportivo Câmara Municipal de Porto Alegre - GECAPA; 75/97, do Senhor José Clovis de Azevedo, Secretário Municipal de Educação de Porto Alegre; 76/97, do Senhor Fernando Osório Batista, Coordenador do Curso de Educação Física da Universidade da Região da Campanha - URCAMP; 214/97, do Deputado Estadual Vieira da Cunha, Presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul; s/nº, do Senhor Cícero Saffi, Gerente Administrativo da Encol S.A. Engenharia, Comércio e Indústria; Fax: do Senhor José Dilamar Vieira da Luz, Comandante-Geral da Brigada Militar; do Senhor Ademir Bueno, Secretário-Geral do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Porto Alegre; da Prefeitura Municipal de Porto Alegre; do Conselho Regional de Economia da 4ª Região/RS; do Movimento em Defesa da Vida; da Secretaria de Estado da Cultura/RS; do Senhor Emídio Perondi, Presidente da Federação Gaúcha de Futebol; do Senhor Paulo Ricardo Petry, Presidente do Instituto de Pesquisas Sociais Olga Benário Prestes; do Juiz Vilson Antônio Rodrigues Bilhalva, Presidente do Tribunal Regional do Trabalho - 4ª Região; do Senhor Ernani Dieterich, Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis; Cartões: da Senhora Iara Sílvia Lucas Wortmann, Secretária de Estado da Educação/RS; do Senhor Nelson Boeira, Secretário de Estado da Cultura/RS. A seguir, face ao transcurso, hoje, do Dia da Bandeira, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do Hino à Bandeira. Também registrou a participação da Casa em solenidade alusiva ao Dia da Bandeira, realizada na manhã de hoje, no Parque Farroupilha, junto ao Monumento ao Expedicionário. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Juarez Melo Júnior, integrante da Comissão Organizadora da Semana da Consciência Negra e de Ação Anti-Racismo, que discorreu acerca da instituição da Semana da Consciência Negra em Porto Alegre, tecendo considerações acerca dos eventos programados para este período. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Nereu D'Ávila, reportando-se ao tema da Tribuna Popular, propugnou pela efetivação de ações que viabilizem uma maior inserção da comunidade negra no contexto social e político brasileiro. Na oportunidade, o Senhor Presidente prestou informações acerca do Requerimento nº 287/97 (Processo nº 3489/97) e, após consulta ao Plenário, deferiu Requerimento verbal de autoria do Vereador Gerson Almeida, solicitando que os representantes da Comissão Organizadora da Semana da Consciência Negra e de Ação Anti-Racismo recebam cópias das notas taquigráficas dos pronunciamentos dos Senhores Vereadores no encaminhamento à votação de Requerimento verbal do Vereador Guilherme Barbosa, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da Centésima Terceira Sessão Ordinária. Ainda, o Vereador João Dib manifestou-se acerca do Requerimento acima, formulado pelo Vereador Gerson Almeida. Às quatorze horas e trinta e seis minutos os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e trinta e oito minutos, constatada a existência de "quorum". Em continuidade, o Vereador João Dib, através de Questão de Ordem, congratulou-se com a Mesa Diretora pela execução do Hino da Bandeira no início desta Sessão. Também, o Vereador Nereu D'Ávila formulou Requerimento verbal, solicitando alteração na ordem dos trabalhos, o qual foi posteriormente considerado prejudicado por deliberação do Senhor Presidente. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Pedro Américo Leal manifestou-se acerca da passagem, hoje, do Dia da Bandeira, analisando a importância da Bandeira Nacional que, como um dos principais símbolos da Pátria, representa todas as realizações e ideais do povo brasileiro. Em continuidade, o Senhor Presidente solicitou ao Senhor Secretário que apregoasse Emendas relativas ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 07/97. Na ocasião, o Senhor Presidente, face a Questões de Ordem suscitadas pelos Vereadores Nereu D'Ávila, Gerson Almeida, Isaac Ainhorn e Juarez Pinheiro, prestou esclarecimentos acerca da interpretação dos artigos 92 e 173 do <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>Regimento. Às quinze horas e um minuto, os trabalhos foram suspensos, nos termos regimentais, sendo retomados às quinze horas e dezessete minutos, constatada a existência de "quorum". Após, foi apregoada a Emenda nº 12 ao Projeto de Lei do Executivo nº 42/97 (Processo nº 3033/97), de autoria do Vereador Eliseu Sabino, apresentada pelo Vereador Luiz Braz. Na ocasião, os Vereadores Nereu D'Ávila, Gerson Almeida, Luiz Braz, Isaac Ainhorn e João Dib formularam Questões de Ordem acerca da legalidade do encaminhamento de Emendas ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 07/97. Às quinze horas e vinte e sete minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e trinta minutos, constatada a existência de "quorum". Em continuidade, o Senhor Presidente deliberou no sentido de não aceitar o encaminhamento de Emendas ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 07/97 e determinou a oitiva da Comissão de Constituição e Justiça acerca do assunto, tendo o Vereador Gerson Almeida, com base no § 1º no artigo 194 do Regimento, apresentado recurso à esta decisão. Ainda, os Vereadores Nereu D'Ávila e Juarez Pinheiro, através de Questão de Ordem, manifestaram-se acerca da decisão do Senhor Presidente, supra mencionada. Às quinze horas e trinta e oito minutos os trabalhos foram regimentalmente suspensos, para a realização de reunião da Comissão de Constituição e Justiça, sendo os mesmos retomados às dezoito horas e trinta e cinco minutos, constatada a existência de "quorum". Após, o Senhor Presidente informou ter sido pedido vistas ao Parecer exarado pela Comissão de Constituição e Justiça, relativo à possibilidade de apresentação de Emendas ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 07/97 e, respondendo a Questões de Ordem suscitadas pelos Vereadores Luiz Braz e Isaac Ainhorn, prestou esclarecimentos acerca da possibilidade de concessão de efeito suspensivo ao Projeto em questão, face ao pedido de vistas acima referido Ainda, com a anuência do Vereador Elói Guimarães, Presidente da Comissão de Constituição e Justiça, o Senhor Presidente deferiu Requerimento verbal de autoria do Vereador João Dib, solicitando sejam distribuídas aos Senhores Vereadores cópias do Parecer daquela Comissão, relativo à apresentação de Emendas ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 07/97. Após, foi aprovado Requerimento verbal de autoria do Vereador Isaac Ainhorn, adendado pelo Vereador João Dib, solicitando alteração na ordem dos trabalhos e alteração na ordem de votação da matéria a ser apreciada na Ordem do Dia, tendo o Senhor Presidente, face às Questões de Ordem suscitadas pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, prestado informações acerca do teor dos Requerimentos a serem hoje apreciados. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Luiz Braz teceu críticas ao processo de tramitação na Casa do Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 07/97, analisando, em especial, a não-aceitação de Emendas a este Projeto. Após, o Senhor Presidente, face às Questões de Ordem suscitadas pelos Vereadores João Dib, Fernando Záchia e Juarez Pinheiro, prestou esclarecimentos acerca da distribuição de cópias do Parecer da Comissão<MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm> de Constituição e Justiça aos Senhores Vereadores, solicitada anteriormente pelo Vereador João Dib, e prestou informações acerca do processo de tramitação e votação do referido Parecer. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Carlos Garcia teceu considerações acerca do Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 07/97, manifestando seu repúdio a manifestações a respeito feitas pelo Vereador Adeli Sell, que teria declarado a órgãos da imprensa que "não aceitaria chantagem por parte do PSB". O Vereador Gerson Almeida classificou como regimentais e legítimos todos os procedimentos adotados pela Casa durante a apreciação do Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 07/97. Ainda, teceu comentários acerca da abrangência deste projeto e dos efeitos que o mesmo trará para a comunidade. O Vereador Antonio Hohlfeldt discorreu sobre os procedimentos regimentais adotados pela Bancada do PT para tentar adiar a votação do Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 07/97, manifestando sua posição contrária à aprovação deste projeto. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA. Foi aprovado o Requerimento nº 284/97 (Processo nº 3457/87 - Grande Expediente em homenagem à Associação dos Dirigentes de Vendas do Brasil - ADVB/RS), de autoria do Vereador Clovis Ilgenfritz. Na ocasião, o Senhor Presidente informou que será realizada, nas dependências deste Legislativo, exposição fotográfica alusiva aos cinqüenta anos de atividade ininterrupta da Câmara Municipal de Porto Alegre, consultando o Plenário acerca da possibilidade de se fazer uma fotografia com todos os Vereadores desta Legislatura, a fim de que a mesma integre essa exposição. Ainda, o Vereador Luiz Braz, através de Questão de Ordem, solicitou seja localizada a fotografia oficial dos Vereadores integrantes da Legislatura anterior. Em continuidade, foi aprovado o Requerimento nº 285/97 (Processo nº 3458/97 - Moção de Solidariedade à Vereadora Sandra Araújo, do Município de Butiá, vítima de agressão física e verbal praticada pelo Prefeito daquele Município), de autoria da Vereadora Clênia Maranhão. Foi aprovado o Requerimento nº 288/97 (Processo nº 3491/97 - Moção de Solidariedade ao Senhor Governador do Estado, pela implantação do Programa "Piá 2000" em todos os municípios do Estado), de autoria do Vereador Luiz Braz, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Luiz Braz, Adeli Sell e Antonio Hohlfeldt, tendo apresentado Declaração de Voto o Vereador José Valdir. Durante a votação deste Requerimento, os Vereadores Gerson Almeida e Luiz Braz, através de Questão de Ordem, manifestaram-se acerca do teor do mesmo. Após, o Vereador Pedro Ruas formulou Requerimento verbal, solicitando que a fotografia dos Senhores Vereadores para a exposição comemorativa aos cinqüenta anos de atividade ininterrupta deste Legislativo seja feita na próxima segunda-feira. A seguir, foi aprovado Requerimento de autoria do Vereador Pedro Américo Leal, solicitando pagamento de diária referente a Representação Externa em Caxias do Sul, no dia 31 de outubro do corrente (Processo nº 3459/97). Em Discussão Geral e Votação Nominal, esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº 237/91, com Veto Parcial a ele aposto, que deixou de ser apreciado face à inexistência de "quorum". Às dezenove horas e quarenta e nove minutos, constatada a inexistência de "quorum" deliberativo, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz, Reginaldo Pujol e Paulo Brum e secretariados pelos Vereadores Paulo Brum e Guilherme Barbosa. Do que eu, Paulo Brum, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Em homenagem ao Dia da Bandeira, ouviremos o Hino à Bandeira.

 

(É executado o Hino à Bandeira.)

 

Hoje pela manhã esta Câmara esteve representada na solenidade que aconteceu no Parque Farroupilha, junto ao monumento do Expedicionário, de tributo à Bandeira Nacional.

Recebemos, lá, um abraço do Comandante Alcir e do Comandante Raul, que mandaram um abraço aos Vereadores, no Dia da Bandeira.

Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

O Sr. Juarez Melo Júnior, representando a Comissão Organizadora da Semana da Consciência Negra e de Ação Anti-Raciscmo, está com a palavra, pelo tempo regimental de 10 minutos.

O Sr. Juarez Melo Júnior está com a palavra.

 

O SR. JUAREZ MELO JÚNIOR: Em primeiro lugar quero fazer uma saudação ao Excelentíssimo Sr. Presidente da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, Ver. Clovis Ilgenfritz. Saúdo, ainda, os Srs. Vereadores e a todos aqui presentes.

É uma grande responsabilidade falar em nome do Movimento Negro, em nome da Comissão Organizadora da Semana de Consciência Negra aqui da Câmara da Cidade de Porto Alegre, porque, aqui na Capital, mais de 40% da população pertence à comunidade negra. É também de muita responsabilidade falar sobre os 400 anos de resistência desde o embarque dos primeiros negros, no primeiro navio negreiro de Angola para o Brasil, como também falar sobre os 302 anos de Zumbi dos Palmares, hoje, reconhecido herói nacional.

Mas sinto-me à vontade para falar, em função da própria trajetória de luta do Movimento Negro contemporâneo. Em sua luta, o Movimento conseguiu, com muito esforço, garantir algumas conquistas, muitas delas institucionais, como: a Lei que instala a Semana de Consciência Negra, os instrumentos jurídicos que incriminam o racismo, e a própria Resolução que instala a IV Semana de Consciência Negra nesta Casa.

Na verdade, o significado que o 20 de novembro tem para nós é o de ser uma alternativa ao 13 de maio, que lembra a suposta libertação do povo negro. Foi uma bandeira de luta iniciada, inclusive, aqui no Rio Grande do Sul, pelo grupo Palmares, em meados da década de 70, sobre a questão do 20 de novembro, que é a data do assassinato de Zumbi dos Palmares. A Comissão que está trabalhando na Semana da Consciência Negra, que iniciou no último dia 14, é uma Comissão pluripartidária, com a indicação de todas as bancadas da Casa, e com as diversas concepções da questão do Movimento Negro. Com todas as diferenças nós conseguimos elaborar um calendário de atividades diversas, desde o esporte à cultura e atividades políticas.

Na verdade, gostaríamos de ter usado esta tribuna na Sessão descentralizada, que propusemos à Mesa Diretora, que fosse feita na comunidade da Restinga. Foi uma discussão que fizemos com todos os representantes dos partidos para contemplar essa atividade - uma Sessão Ordinária da Câmara - numa comunidade negra, que nesse mesmo período está de aniversário. Lamentamos que algumas bancadas não tenham conseguido contemplar a pauta na última Plenária, que votaria a Sessão lá na Restinga. Pela importância dessa discussão sobre o IPTU é que gostaríamos que fosse numa comunidade, que é bastante procurada em época de eleição. Tenho certeza de que os Srs. Vereadores ainda haverão de contemplar a comunidade da Restinga, ou outra comunidade popular, com uma Sessão descentralizada.

De qualquer forma, hoje, o papel político do Movimento Negro tem uma característica muito importante em função do papel popular que tem a política. Sendo a maioria da população negra achamos que mesmo com todos os avanços que se teve em nível das conquistas do próprio Movimento, os avanços que tivemos em conquistas institucionais de criação de entidades nacionais, de participação de partidos políticos, as próprias leis que dão sustentação ao Movimento, nós consideramos que ainda há muito a ser feito. As leis têm que ser melhor aprimoradas. A própria resolução que instala a Semana de Consciência Negra aqui na Casa, o Movimento, a Comissão tem que ter mais autonomia para coordenar, para ter os recursos aqui da Casa, para poder gerir a Semana. De toda forma, políticas públicas estão sendo discutidas em nível nacional e, eu acredito, em breve devem ser mais discutidas a partir desta semana, da Semana de Consciência Negra, aqui na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, como uma forma do movimento negro ter condições plenas e iguais de poder elaborar políticas para as lutas sociais mais amplas e que estão colocadas para a nossa sociedade.

Nós temos lutas importantíssimas para o Movimento Negro, por habitação, por saúde, por educação, por emprego, pelas mulheres negras, sem dúvida, que são na maioria mães solteiras, principalmente na periferia, e pela soberania do nosso País. É essa a contribuição que estamos trazendo ao Plenário e temos “folder”, com todas as atividades, que vão decorrer até a primeira quinzena do mês de dezembro. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Nereu D'Ávila está com a palavra, para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero, em nome da Bancada do PDT, dar a nossa palavra em relação à Semana da Consciência Negra e Anti-Racismo. Queria fazer duas observações. A primeira é de que estou convicto e ficarei repetitivo, porque quero participar, e transfiro como sugestão àqueles que estão engajados nessa Comissão Representativa da Consciência Negra e anti-Racismo, e a todos aqueles negros ou brancos que estejam, como eu, interessados na causa do negro. Quero ser um dos signatários, ou um dos que possam participar em parceria, com quem quer que seja para fazer sentir no Congresso Nacional que, assim como as mulheres obtiveram, através de sua luta, quotas de participação em listas obrigatórias eleitorais e que no ano que vem já estarão aumentando de 20 para 25% a sua participação, quero ser o signatário da mesma luta de quotas para os negros.

Outro dia esteve aqui o Senador negro do meu Partido, Abdias Nascimento, e fez um discurso muito bonito na Assembléia em relação ao negro. Só que eu lhe disse que ele, lá no Congresso, deveria estar patrocinando, como Marta Suplicy, leis, posturas e discursos de sua autoria para que o negro fosse inserido em quotas, não só no problema eleitoral, mas em outras quotas de participação obrigatória no seio da sociedade como foi feito nos Estados Unidos. E os Estados Unidos só têm a potencialidade negra que tem porque lhes foi outorgada a possibilidade das quotas. E estou convencido de que, no Brasil, será da mesma maneira. E quero ter essa participação, não de paternidade da idéia porque venho amadurecendo-a e repetindo-a em todos os lugares em que possa. E disse ao Abdias, “não basta fazer discursos radicais em favor do negro, tem que lutar por ele nos fóruns legais como Congresso Nacional, como a Marta Suplicy fez e conseguiu a lei das quotas.” Considero que não é suficiente a mulher ter a sua participação nas listas eleitorais, mas é um começo importante. E diria com todo o respeito às mulheres que os negros são mais subjugados que elas. Hoje, elas já têm participação em concursos de juiz, participações em empresas, na sociedade organizada e não organizada, as mulheres tem, mercê do seu esforço e da sua luta e da nossa ajuda, porque também estamos com elas em parceria, inclusive para acabar com frases estereotipadas e de racismo, de subjugamento, como aquela: "atrás de um grande homem sempre tem uma grande mulher". Isso não tem o menor significado, não está atrás de ninguém, nem precisa estar, nem parceria de ninguém para obter o seu espaço. E foi o que as mulheres fizeram. E os negros têm que fazer a mesma coisa.

 Creio que temos que começar a fazer abaixo-assinado de centenas, milhares de pessoas neste Estado pedindo ao Congresso a participação. E não precisa ser o Abidias que é negro, pode ser o branco que tenha consciência negra.

Tenho dito por aí, inclusive, nas casas de religiões Afro que a única valorização que o negro tem na sociedade gaúcha ou porto-alegrense, por exemplo, é ser yalaorixá ou babalorixá, fora disso não tem valorização nenhuma.

 É necessário, amigo que falou da consciência negra, que se saia do discurso e passe à prática. Está aqui a minha sugestão, e ela não é partidária. É de quem está com a consciência que há necessidade que passemos à coisas mais factíveis, como uma lei que abra as portas, dos porões que eles estão subjugados e lhe dê um meio participativo, através de providências legais.

Quero dizer, a respeito do que o orador disse a respeito da realização da Sessão na Restinga: “por absoluta necessidade da votação”, hoje, não foi realizada lá a Sessão, como era do nosso desejo. Mas, transferimos para segunda-feira, com o mesmo carinho, mesmo respeito, mesmo entusiasmo, e mesma ordem do dia organizada para estarmos juntos na querida comunidade da Restinga. Portanto, não se entenda que foi má vontade de alguém aqui nesta Câmara, muito pelo contrário. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador. )

 

O SR. PRESIDENTE: Cumpre à Mesa informar os Srs. Vereadores que tivemos contato com o Sr. Juarez Melo Júnior, que está conosco na Tribuna Popular, e que representa os interessados em que se realizasse uma Sessão Ordinária na Restinga. Eles prepararam tudo para nos receber inclusive as aulas foram suspensas, provas foram transferidas, para que a comunidade estudantil pudesse participar dessa histórica Sessão Ordinária. Como foi frustrada a nossa ida à Restinga, propusemos, em reunião de Mesa e Lideranças, que se colocasse em discussão e votação uma nova data para a Sessão Ordinária com uma Pauta específica. Isso foi acordado ontem à tarde, na Sala da Presidência.

O Sr. Juarez nos informa que seria importante que se fizesse uma Sessão Ordinária, ainda neste ano, na Restinga, entretanto, eles pedem um prazo para que possam se reorganizar. Essa situação é nova. Portanto, o Requerimento que está na Mesa, está assinando, e poderá ser negociado mediante outra data e não a de segunda-feira como tínhamos em comum acordo pensado. Então, pedi ao Sr. Juarez que faça contato com cada líder para explicar pessoalmente as razões à comunidade que ele representa; nós poderemos, oportunamente, entrar em um acordo para uma data ainda neste ano de uma Sessão Ordinária com uma Pauta Especial na Restinga. É uma informação que considero fundamental para o encaminhamento deste processo uma vez que não foi possível e a Mesa já estava com tudo preparado.

 

O SR. GERSON ALMEIDA (Requerimento): Sr. Presidente, em função da presença, em Tribuna Popular, o que nos honra muito, da Comissão Organizadora da Semana da Consciência Negra, eu requeiro que seja passada cópia das notas taquigráficas da Sessão passada, quando discutimos o encaminhamento, feito pelo Ver. Guilherme Barbosa, de inversão da Ordem do Dia, que tratou sobre a Sessão na Restinga.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa defere e pergunta aos Srs. Vereadores se há concordância.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, quero dar a minha concordância, porque não temos nada a esconder e nem pretendemos fazer da Câmara uma outra coisa que não o Legislativo do Município de Porto Alegre.

 

O SR. PRESIDENTE: Acolhemos a sua manifestação e agradecemos, mais uma vez, a presença da Comissão Organizadora da Semana da Consciência Negra e de Ação Anti-racismo, conforme Portaria 486 da Câmara Municipal, e que muito nos orgulha que esteja acontecendo na Câmara um movimento com a organização plural desse movimento.

Suspendemos os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h36min)

 

O SR. PRESIDENTE (às14h38min): Os trabalhos estão reabertos.

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Gostaria de congratular-me com V. Exa. pelo início brilhante desta Sessão com o Hino da Bandeira. A minha Bancada está pedindo Comunicação de Líder exatamente para que o Ver. Pedro Américo Leal faça um pronunciamento sobre o nosso Pavilhão Auriverde.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA (Requerimento): Requeiro inversão da ordem dos trabalhos, que entremos na Ordem do Dia antes das manifestações do Período da Pauta. Gostaria que o Projeto da Planta Genérica, da página nº 10, PLCE nº 007/97, seja o primeiro a ser discutido.

 

O SR. PRESIDENTE: O Requerimento será posto em votação após o pronunciamento do Ver. Pedro Américo Leal, em Comunicação de Líder, que está com a palavra..

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. O PPB saúda a Bandeira neste dia dezenove de novembro de 1998. De seda, de pano de chita ou de sarja grossa, na sua ondulação o Pavilhão Nacional sempre nos trás evocações. Em dia, em hora, em momentos imprevisíveis a Pátria nos emociona mormente quando estamos distantes. Hino e Bandeira formam um dueto de emoções que nos torna vulneráveis pela saudade que provoca da Cidade, da casa, da terra que ficou para trás. Coisas banais que só encontram significado nesses momentos pela sua falta.

Com Ayrton Senna, o grande piloto de Fórmula 1, em todas as pistas do mundo, nas suas retumbantes vitórias e no dramático final da sua chegada aparecia, de repente, aquele trapo colorido da Bandeira do Brasil, que ele praticamente escondia certo da vitória. Ergueram um monumento lá na Itália a um homem triste, faltou alguma coisa, faltou o pavilhão do Brasil que ele tão bem sacava no último trecho dos percursos. No Museu Júlio de Castilhos na rua Duque de Caxias há uma imensa Bandeira Brasileira que, como Presidente da Comissão de Educação da Assembléia Legislativa, ofertei a este Estado. Pesa 52 quilos a bandeira. Sei disso porque paguei esse peso no frete da Varig. Essa bandeira que tremulou na Praça dos Três Poderes, lá em Brasília, com a guarda da Marinha, foi o primeiro pavilhão que o Rio Grande ofertou, por iniciativa do Gen. Ludwig quando ornamentou a capital federal com aquele mastro monumental. Seu formato em poesia, criada pelo Decreto de 04 de novembro de 1989 é um símbolo da Pátria, constante do art. 13 ao lado do Hino, da Arma e do Selo nacional.

Debret, o artista francês, nos idos de 1822 , a pedido de Dom Pedro I, a desenhou. Um longo losango amarelo em homenagem à mulher, na pessoa de Dona Leopoldina. O amarelo é casa de Lorena da família imperial da Áustria, casa da Imperatriz. O céu do Cruzeiro do Sul tem suas estrelas espalhadas representando o momento da República. Aquele momento foi captado e transportado para a Bandeira. O branco, símbolo da ordem, heraldicamente, traz a sentença de Augusto Comte, "O amor por princípio, a Ordem por base e o Progresso por fim".

 O republicanos Manoel Lemos e Reinaldo Teixeira Mendes sintetizaram em Ordem e Progresso, como que um chamado para o Brasil

Este é o desejo eterno de um povo em busca de seus objetivos nacionais, visando o bem comum, tendo como finalidade o Poder Nacional. Entre os interesses da Pátria permanece a intenção sublime de manter a sua soberania. Enquanto, hoje, assistimos o Presidente do Banco Central discordando do Ministro da Fazendo, por problemas de soberania nacional.

O Rei da Inglaterra, Jorge V, quando viu drapejar, pela primeira vez, a Bandeira do Brasil não se conteve e murmurou para quem estava ao lado dele que aquele dístico de Ordem e Progresso deveria estar escrito e ser o objetivo de todas as nações do mundo.

A intenção do Brasil é boa. Se nós não conseguimos obter, ainda, Ordem e Progresso, é por culpa nossa, é porque nós não fomos suficientemente grandes, capazes de dar a esta Nação a tranqüilidade que ela merece. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 O SR. PRESIDENTE: A Mesa apregoa o Requerimento de autoria do Ver. Nereu D’Ávila que solicita a inversão na ordem dos trabalhos. Existem emendas que foram oferecidas a projetos em andamento que se encontram com a Secretaria, que solicito que sejam apregoadas.  

 

O SR. NEREU D’ÁVILA (Questão de Ordem): V. Exa. determinou que o Sr. 1º Secretário procedesse à leitura das Emendas apostas ao Projeto da Planta Genérica de Valores, PLCE nº 07/97.

Por isso, faço a presente Questão de Ordem antes porque, sendo lidas as Emendas fica, para mim, a presunção de que elas serão aceitas. Assim, de acordo com o art. 92, § 2º do Regimento, fica definido o que é Emenda e, no inciso II do mesmo artigo diz que as Emendas serão admitidas até o encerramento da discussão geral. Pelo que está produzido e divulgado, a discussão geral se encerrou na Sessão anterior. O art. 173, inciso IV, diz o seguinte: "Iniciado o encaminhamento não caberá apresentação de Emendas". Poder-se-ia chegar, por ilação, à conclusão de que não iniciado ainda o encaminhamento caberiam Emendas. Mas eu creio que em cotejo, o art. 92, inciso II, que é categórico, emblemático. "As Emendas serão admitidas até o encerramento da Discussão Geral. " Portanto, a Discussão Geral já encerrou-se, eu creio que não cabem Emendas Então não há que lê-las e proclamá-las em Plenário.

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol ): Eu recolho a Questão de Ordem de V. Exa. Entendo que ela tem pertinência formal, não quero decidi-la de plano, o que seria uma temeridade. Considero que, em não decidindo a Questão eu não quero prejudicar V. Exa determinando que seja apregoada a matéria.

 

O SR. GERSON ALMEIDA (Questão de Ordem): Sr. Presidente gostaríamos, antes de qualquer coisa, de remeter ao art. 173, que no seu inciso IV diz o seguinte: " Iniciando o encaminhamento não caberá a retirada da proposição principal de substitutivo e de emendas”. Apresentação de emendas. Nós não iniciamos o encaminhamento, logo, é muito estranho que se queira criar agora, no arrepio do Regimento, um novo procedimento na Casa.

Portanto, eu gostaria que fossem apregoadas as Emendas, como tem sido praxe nesta Casa, e que não se tentassem manobras regimentais para impedir o bom e democrático andamento dos trabalhos. É nesse sentido o meu encaminhamento nesta Questão de Ordem.

 

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): A Mesa quer agradecer ao ilustre Vice- Presidente, e dizer que este Presidente foi chamado para atender um telefonema que muito nos honra. Nós precisamos interromper os trabalhos, porque estávamos fazendo um convite para o painel sobre os 50 anos da Câmara, para o qual estamos convidando personalidades acima de qualquer suspeita. Recebemos um telefonema do Engo. Leonel Brizola, e foi este o motivo de nos afastarmos da Mesa. E tem mais, se está o Vice-Presidente, o 2º Vice- Presidente, é tudo a mesma coisa, por favor não vamos confundir. Eu peço desculpas ao Vereador Ver. Reginaldo Pujol por ter-lhe pedido para assumir a Presidência dos trabalhos porque começaram a dizer que eu tinha abandonado a Mesa. Com todo respeito quero pedir para que não levem para esse lado. E aproveito para comunicar que o Engo. Leonel Brizola aceitou o convite para vir à. Casa.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Na minha Questão de Ordem, contraditando, eu gostaria de, preliminarmente, asseverar que a praxe e a tradição nos 10, 20 anos desta Casa, baseado nos princípios do Regimento, é que encerrada a discussão não cabe mais apresentação de Emendas. Essa matéria é confortada pelo parágrafo 2º do art. 92 que estabelece que as Emendas serão admitidas até o encerramento da Discussão Geral. Após, o art. 169 diz que "as proposições na Ordem do Dia somente admitirão Emendas de Líder apresentadas durante a Discussão Geral." E o art.173, parágrafo 4º, letra b: "iniciando encaminhamento não caberá apresentação de Emenda." Na interpretação e exegese integrativa, é óbvio que já se iniciou o encaminhamento, Sr. Presidente, não cabendo mais serem apregoadas Emendas neste momento, porque há dois dispositivos que sustentam a discussão: a tradição e a praxe nesta Casa. Se, porventura, encerrada a discussão, vamos ter a possibilidade de apresentar Emendas, estaremos quebrando toda uma praxe e uma interpretação do Regimento desta Casa.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Por óbvio, há mais de um dispositivo sobre a matéria, cuja questão foi levantada pelo Vereador Líder do PDT. Quando há mais de um dispositivo, dispondo sobre a matéria é necessário interpretação sistemática. E, para ser bem didático, quero dizer que na última Sessão a discussão não foi encerrada. Este Vereador ainda não falou. Se foi encerrada não havendo quórum, esse encerramento não foi válido. Digo mais: o art. 92, conjugado com o art. 173, deixa a interpretação de que, enquanto não existe o início do encaminhamento de votação é absolutamente - isso é de clareza solar - possível a apresentação de Emendas. Então, Sr. Presidente, não procede, não tem fundamento tanto no mérito, quanto na legalidade, quanto na regimentalidade a questão levantada pelo nobre Líder do PDT.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA: Sr. Presidente, o nobre Ver. Reginaldo Pujol, que muito bem substitui V. Exa. nas suas ausências, ia dar um tempo de suspensão da Sessão para que pudéssemos, talvez, fora dos microfones, chegar a um consenso. Se V. Exa. concordasse, nós também concordaríamos.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa nunca vai contrariar a necessidade de reunir, discutir, e quer dizer de antemão que concorda com a preliminar colocada pelo Ver. Reginaldo Pujol de que, quando o assunto é controverso e não existe uma definição clara, não podemos tolher os encaminhamentos a discussão e a participação. Entendi que ele estava falando no sentido de que deveríamos aceitar as Emendas. Entretanto, há uma contestação do Ver. Isaac, mas em todos os sentidos, por mais que eu tenha procurado discutir e conhecer todos os prós e contras da Legislação, ficamos no limbo.

 Não existe algo que diga que não pode, assim como não existe algo que diga que pode peremptoriamente. Entretanto ficou clara uma coisa: não houve o início do encaminhamento. Essa é uma coisa clara. Consta dos anais das notas taquigráficas. O que houve foi o encerramento das discussões. Isso não significa dizer que já havia iniciado o encaminhamento. Essa é uma questão controversa. E eu não tenho como responder pessoalmente, e dificilmente os juristas vão chegar a um acordo nesse sentido. Por isso aceito o pedido do Ver. Nereu D’Ávila para que haja um tempo de 10 minutos para que haja um entendimento entre as bancadas. Essa é a proposta da Mesa.

 Colocamos as Questões de Ordem dos Vereadores Juarez Pinheiro e Isaac Ainhorn como controversas e que precisam ser resolvidas num acordo político.                                            

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h01min).

 

O SR. PRESIDENTE (às 15h17min): Estão reabertos os trabalhos. Solicito ao Secretário Ver. Paulo Brum que apregoe uma emenda.

 

O SR. PAULO BRUM: Emenda nº 12 ao PLE 042/97, de autoria do Ver Eliseu Sabino. (Lê.)

 

O SR. NEREU D'ÁVILA (Questão de Ordem): Senhor Presidente, durante o período em que V. Exa. suspendeu os trabalhos, procuramos aprofundar a questão por nós formulada junto com o Ver. Isaac Ainhorn, e desdobramos a discussão entre a questão formal e a questão material. É uma diferença sutil, mas quem é versado em assuntos de direito sabe que há uma diferenciação. Mas fomos informados com segurança de que a discussão havia sido concluída. Então, mesmo que tivéssemos boa vontade e admitíssemos que ela foi encerrada formalmente mas não materialmente nós esbarramos na certeza de que a discussão está encerrada.

Diante disso, Sr. Presidente, nós optamos pelo artigo 92 que é peremptório: encerrada a discussão, não cabem mais Emendas. Lamentavelmente Vereador Záchia, o PDT, este Vereador, o Ver. Pedro Ruas e o Ver. Elói Guimarães não podemos retirar a Questão de Ordem. Nós achamos que sequer podem ser apregoadas as Emendas, porque o prazo já precluiu para a apresentação das mesmas.

 

O SR. GERSON ALMEIDA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, foi encaminhado, em nome da Bancada do PT duas Emendas e outra Emenda apresentada pela Bancada do PPS, pelo Ver. Lauro Hagemann.

Uma Emenda que exclui todas as unidades não residenciais com até treze mil UFIRs e com área de até 60m2, de qualquer aumento do imposto acima da inflação.

A segunda Emenda...

 

(Aparte do Ver. Nereu D'Ávila.)

 

Por favor eu vou sustentar a Questão de Ordem. Essa é a minha sustentação à Questão de Ordem. Outra Emenda que diz que todos os imóveis residenciais com até treze mil UFIRs, não pagarão nada além da inflação.

Essas duas Emendas estão sustentadas no artigo 173, parágrafo 4º, letra "b"

O parágrafo 4º, letra "b" diz o seguinte:

"§ 4º - Iniciando o encaminhamento, não caberá:

...

b) apresentação de Emenda;"

Então, como nós não iniciamos o encaminhamento é evidente - e assim tem sido a praxe da Casa - que é possível ...

 

(Tumulto no Plenário.)

 

O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, não adianta fazermos este tipo de manifestação anti-regimental. A Mesa escutou todas as questões de ordem até agora e vai escutar mais esta. O Ver. Luiz Braz vai poder se inscrever quantas vezes desejar.

Está escrito em Questão de Ordem o Ver. Gerson Almeida e espero que V. Exa. seja objetivo.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Está bem objetiva e regimentalmente sustentada a minha Questão de Ordem e gostaria que, regimentalmente, fosse garantido a mim fazê-la, assim como é garantido a todos os Vereadores fazerem suas Questões de Ordem. A Letra "b" é clara e diz que iniciado o encaminhamento não caberá apresentação de Emendas, então, é óbvio, natural, cristalino, transparente, que não iniciado o encaminhamento cabe apresentação de Emendas, por isso as apresentei e, em Questão de Ordem, requeiro que sejam aceitas as Emendas.

Outra questão seria desvirtuar o Regimento e querer, no "tapetão", levar uma situação tão importante quanto esta para a Cidade.

 

O SR. PRESIDENTE: A parte final do pronunciamento de V. Exa. não é Questão de Ordem. A Mesa solicita que fique apenas a questão regimental.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Está bem clara a minha Questão de Ordem.

 

O SR. PRESIDENTE: V. Exa. está defendendo, pelo art. 173, que cabe aceitar as Emendas. O Ver. Nereu D’Ávila defende exatamente o contrário, pelo art. 92.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): A minha realmente é uma Questão de Ordem. A do Ver. Gerson Almeida não foi Questão de Ordem.

A minha Questão de Ordem prende-se exatamente ao passado desta Casa na interpretação desses artigos, o que pode ser sustentado inclusive pela própria assessoria que V. Exa. tem na sua retaguarda. O Art. 92 diz que as Emendas só poderão ser apresentadas durante o período de discussão. O artigo levantado pelo Ver. Gerson Almeida reforça o que diz o art. 92. Eles não se contradizem. Isso que tenta a Liderança do PT, esta confusão que tenta fazer é apenas para tentar, mais uma vez, aquela manobra de procrastinar esta votação, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Luiz Braz, a última parte da Questão de Ordem de V. Exa. não pode constar porque não é Questão de Ordem. A Mesa aceita apenas o início da formulação, quando fala no art. 92, § 2º.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Apenas para um esclarecimento: a leitura das Emendas que fez o Ver. Gerson Almeida, que também não era Questão de Ordem, V. Exa. mandou retirar dos Anais?

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa entendeu que ele estava argumentando sobre o porquê das Emendas.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Mas cabe argumentação em Questão de Ordem?

 

O SR. PRESIDENTE: É uma questão controversa. A Mesa não vai aceitar este tipo de discussão e vai tomar uma providência.

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Eu solicito da Mesa a interpretação do artigo 92, parágrafo 2º.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. João Dib, nós estamos trabalhando com o Regimento. Existem, no mínimo, três artigos que são contraditórios, que não colocam claramente esse assunto.

 

 (Manifestações no Plenário.)

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Luiz Braz, a Mesa está respondendo a uma Questão de Ordem e não está perguntando a sua opinião.

 

(Tumulto no Plenário.)

 

A Mesa suspende os trabalhos porque não há condições de votação e nem de encaminhamento.

(Suspendem-se os trabalhos às 15h27min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 15h30min): Existe uma questão sobre a qual a Presidência, se sente sem condições de opinar. O fato de estar encerrada a discussão e não estarem iniciados os encaminhamentos cria-nos a dificuldade de dizer se podemos ou não aceitar Emendas. Entretanto, eu, na condição de Presidente, estou informando ao Ver. Gerson Almeida que não vou aceitar a apregoação das Emendas. A Mesa não vai aceitar, também, que o Plenário entre em tumulto e vai pedir anuência da Comissão de Constituição e Justiça para, neste momento, se reunir e opinar sobre o assunto, ou o impasse estará criado.

 

O SR. GERSON ALMEIDA (Questão de Ordem) : Sr. Presidente, quero recorrer da decisão da Presidência sustentado no artigo 194 que diz: "Em caso de discordância com a decisão do Presidente, cabe ao autor da Questão de Ordem recurso ao Plenário ouvida a Comissão de Constituição e Justiça sobre o assunto."

Concordo com o encaminhamento do Presidente, no entanto, parece-me que, em função da complexidade e dificuldade da questão, e para que tenhamos uma adequado procedimento e que qualquer uma das partes não se sinta lesada, haja tempo suficiente para que seja feito o debate sobre o assunto e um efeito suspensivo à matéria.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Gerson Almeida, a Mesa já havia contemplado sua solicitação e vai cumprir, comunicando que suspenderá a Sessão e solicitará que se reúna a Comissão de Constituição e Justiça para deliberar sobre se pode ou não pode aceitar as Emendas que têm recurso ao Plenário. Está escrito no artigo: a Comissão de Justiça poderá deliberar tal coisa, e o Plenário poderá recorrer, e poderá ser votado. Essa é a questão que foi encaminhada.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu quero, em primeiro lugar, parabenizar V. Exa. pela firmeza com que está dirigindo os trabalhos. O Presidente é V. Exa., nós não podemos ter direções paralelas na Casa.

O encaminhamento dado por V. Exa. é absolutamente procedente. A única coisa que nós não estamos mais admitindo, é procrastinação. Então, V. Exa. está apenas querendo dirimir um confronto de artigos do Regimento da Casa. E digo mais, se o recurso do nobre Ver. Gerson Almeida estiver caracterizado também no Regimento, vai ser acatado. Portanto, está encaminhada a situação.

Creio que deve ser imediata a reunião da Comissão de Justiça.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa está fazendo um esforço para resolver o impasse.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Tenho o entendimento de que V. Exa. tem sido muito feliz na condução dos trabalhos desta Casa. Nesse episódio, porém, entendo que a interpretação de V. Exa. não foi a interpretação que deveria ser dada, em função das disposições do Regimento Interno, mas tenho que respeitar a sua decisão.

A segunda decisão de V. Exa., de querer que a Comissão de Constituição e Justiça, no atropelo, se reúna e encaminhe a interpretação dessas disposições, eu entendo que não é uma decisão correta porque vai fazer com que sob o fogo da emoção, sem que se faça uma devida análise jurídica, legal e constitucional, se vá pensar uma matéria de tamanha dificuldade. Eu falo isso como Vice-Líder da Bancada do PT, e falo também na condição de Vice-Presidente da Comissão de Constituição e Justiça. Não me acho em condições, neste momento para fazer a melhor interpretação. Entendo que esta matéria tem que ser apreciada. A Comissão reúne-se amanhã, na sua reunião ordinária, para que possamos bem apreciar a matéria. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Juarez Pinheiro, a decisão da Mesa está tomada. Solicitamos a V. Exa. que, como Vice-Presidente da Comissão de Constituição e Justiça junto com o Ver. Elói Guimarães reúna, imediatamente, a Comissão para deliberar sobre o assunto.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h38min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 18h35min): Estão reabertos os trabalhos desta Sessão Ordinária, recebemos o Relatório da Comissão de Constituição e Justiça, conforme consulta dessa Presidência, que deverá ser informado pelo Sr. Secretário que fará a leitura do mesmo.

 Ao mesmo tempo informamos ao ilustre Plenário que houve pedido de vistas ao Relatório e que foi concedida pela Comissão pelo prazo regulamentar, vistas conjunta ao Vereadores da Comissão. O prazo corre em função de todos.

 Vamos ler o Parecer e partiremos para o prosseguimento normal da Sessão.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, pergunto a V. Exa. já que o processo está na Ordem do Dia, através do Art. 81 da Lei Orgânica, pergunto se não seria coerente não dar o efeito suspensivo que V. Exa. está admitindo, para que não prejudiquemos todo um processo de votação que já foi iniciado, independente do direito que tem os Vereadores da Comissão de ter vistas ao processo.

 Pergunto se não seria o meio mais coerente darmos vistas, conforme V. Exa. está encaminhando, mas não darmos o efeito suspensivo.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Luiz Braz, V. Exa. melhor que esse Presidente conhece, por já ter exercido esta Presidência, que o pedido de vistas susta o processo. Não há por que discutir o assunto.

 

O SR. LUIZ BRAZ: O que tem vistas é o Parecer da Comissão de Justiça sobre um procedimento tomado pela Mesa, não é o projeto que estamos votando que tem vistas, o Projeto que estamos votando está pelo art. 81 e, portanto, não cabe nem Comissão para dar Parecer. Então, ele não poderia ter vistas. As vistas se referem ao Parecer que foi dado com relação ao encaminhamento do Projeto.

 

O SR. PRESIDENTE: O Parecer não foi aceito, foi pedido vistas, foi dado vistas, e não tem como dar prosseguimento num processo onde existe uma parte que não está esclarecida, e nas 24 horas poderá ser esclarecida.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Sr. Presidente, V. Exa. na condição de Presidente desta Casa decidiu, entendendo que não caberiam Emendas, remeter a matéria à Comissão de Justiça. Primeiramente, cumpre referir que V. Exa. agiu como Presidente dos 33 Vereadores desta Casa Legislativa e da representação política do conjunto da Cidade de Porto Alegre; Num segundo momento devolveu a matéria à Comissão de Constituição e Justiça, onde neste momento encontra-se a jurisdição sobre o Processo no seu conjunto, e que só não o devolveu, agora, em função de uma deliberação soberana daquela Comissão, por voto, de assegurar as vistas. Conseqüentemente, V. Exa. estaria ferindo, se agisse de outra maneira que não essa, e violando a soberania e autonomia de uma Comissão Permanente da Casa.

Portanto, considero que V. Exa. está agindo com correção, com absoluta isenção nos procedimentos tomados. Divirjo, com todo respeito, do meu querido e fraternal companheiro de vereança, Ver. Luiz Braz.

 

O SR. PRESIDENTE: Diante das questões colocadas, a Mesa está devolvendo o Parecer à Comissão de Justiça, uma vez que ele ainda não está liberado pela Mesa. Não iremos sequer lê-lo. Estamos devolvendo-o a V. Exa., Presidente, porque ainda não tem deliberação. Solicito à Diretora que o entregue ao Sr. Presidente. Não temos mais o que discutir, a não ser que V. Exa., Presidente da Comissão, tenha algum esclarecimento.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES (Questão de Ordem): Sr. Presidente, seria uma formalidade dar conhecimento ao Plenário de uma orientação, de um encaminhamento pedido por V. Exa., secundado por um recurso do Ver. Gerson Almeida. V. Exa. pede que a Comissão de Justiça, órgão apropriado dê orientação de como proceder. A Comissão de Justiça, reunida, fez um Parecer e diante do pedido de vista por 24h, e, em face de decisão tomada no seio da Comissão, deliberou por vista conjunta. Nada impede que V. Exa. dê conhecimento do Parecer, não da decisão que será tomada após a vista.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa prefere ficar na sua área de jurisdição e pede vênia nesse sentido à Comissão de Justiça que tem a possibilidade de informar aos seus pares, se assim entender, o Parecer. A Mesa não pode fazê-lo porque ainda não foi votado na Comissão de justiça.

 

O SR. JOÃO DIB (Requerimento): Estou requerendo que o Parecer do Relator, na Comissão de Justiça, seja distribuído para o conhecimento de todos os Vereadores. Já tem duas assinaturas, mas gostaria que os demais colegas tomassem ciência.

 

O SR. PRESIDENTE: O Parecer é de conhecimento público, pode ser passado a V. Exas. Então, o Ver. Elói Guimarães, como Presidente da Comissão, concorda que os termos do Parecer sejam distribuídos aos trinta e três Vereadores, e assim será feito, está deferido o Requerimento do Ver. João Dib.

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito em nome da Mesa que sejam votados dois requerimentos em termos excepcionais, antes da Pauta ou após a Pauta, se for garantido o quórum, que são necessários para o andamento administrativo da Casa. São duas Sessões que precisam ser aprovadas e a última data é hoje. A proposta é inverter a Ordem do Dia, votar os dois Requerimentos, voltar à Pauta e depois voltar a Ordem do Dia, antes garantir às Lideranças que quiserem usar a tribuna.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Requerimento): Senhor Presidente, respeitada as manifestações de lideranças, requeiro que fizesse a inversão dos trabalhos, após entrássemos na Ordem do Dia e depois na Pauta. E na Ordem do Dia em primeiro lugar fossem votados os Requerimentos.

 

O SR. JOÃO DIB: Vou aditar ao Requerimento do Ver. Isaac Ainhorn para que na Ordem do Dia sejam votados primeiramente os Requerimentos.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de Ordem): Sr. Presidente, para evitar nova situação vivida na segunda-feira apelo à Mesa que antes dê ciência dos Requerimentos para evitar problemas, ou separar os dois Requerimentos.

 

O SR. PRESIDENTE: Eu posso informar porque a transparência facilita o nosso entendimento.

A Mesa Diretora requer autorização do Plenário para realização de Sessão Ordinária em data a ser definida na sede do Centro Comunitário da Restinga. Do meu ponto de vista esse Requerimento não tem mais urgência porque a data ainda não foi fechada e voltaremos com esse Requerimento.

Existe outro Requerimento, de minha autoria, que solicita seja destinado o período do Grande Expediente em 26 de novembro para homenagear a Associação dos Dirigentes de Vendas do Brasil que completa 35 anos. A pedido de vários setores, eu tinha vaga e cedi a minha.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: São apenas esses os Requerimentos, Sr. Presidente?

 

O SR. PRESIDENTE: Não. Eu posso informar os demais, se tivermos a posição de votar todos. (Lê os Requerimentos e Moções.)

Em votação o Requerimento, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, com o Adendo feito pelo Ver. João Dib, que, após as Lideranças, seja invertida a ordem dos trabalhos, votando, primeiro, na Ordem do Dia, os Requerimentos e, depois, os Projetos, que permanecem como estão.(Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO contra os votos do Ver. Fernando Záchia e João Carlos Nedel.

O Ver. Luiz Braz está com a palavra, em Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Eu sempre tive o máximo respeito com todas as pessoas e, principalmente, com os companheiros que me relaciono, todos os dias, há quinze anos. Muitos, durante todo este período, e outros, por um período menor.

Existem determinadas coisas que não fazem parte de um jogo político. Elas estão acontecendo em outro terreno, terreno no qual eu não sei jogar. Não faz parte de nenhuma fase do jogo da minha vida, o jogo da mentira, da sordidez, da hipocrisia. Eu não sei fazer esse jogo e todas às vezes que ele é feito eu levo desvantagem. Prefiro, Ver. Pedro Américo Leal, jogar o jogo da decência, da honestidade, da honradez.

Disse, na reunião de segunda-feira, que todas aquelas manobras que estavam acontecendo era porque a Bancada Petista não queria votar o Projeto de aumento do IPTU porque não tinha os votos necessários e porque queria jogar o IPTU para ser votado junto com o orçamento , pois a semana que vem é o prazo fatal.

A Presidência da Mesa me chamou a atenção alegando que eu estava ferindo a sua honorabilidade. Pedi desculpas, porque pensei que devia estar enganado, que não existia nenhuma manobra. Aberta a Sessão hoje, Ver. Pedro Américo Leal, vimos um jogo muito sórdido, muito baixo, sujo e faço questão de não participar, mas participo apenas defendendo a população juntamente com os meus companheiros que não querem aumentar o IPTU, que não querem mais um saque à população. Faço questão de participar deste jogo dessa maneira, dentro do Regimento e não fora do Regimento.

O que aconteceu? Estamos em um processo que está na mesa pelo art.81 cujo período de discussão já terminou, cujo Regimento da Casa diz e sempre foi respeitado que as Emendas só podem entrar durante o Período de Discussão. Ora, tem que se ouvir a Comissão de Justiça? Todos sabíamos que no momento que foi para a Comissão de Justiça é lá que se pode pedir vistas, ou não sabemos isso? Nós conhecemos o Regimento. Todos nós conhecemos. Sabíamos que quando saísse daqui esse processo e fosse para Comissão, a primeira coisa que alguém do PT faria era pedir vistas porque não queria votar. Esse jogo não é jogo político, não é jogo sério, esse jogo é jogo que eu faço questão de não jogar.

Vou continuar defendendo, aqui, a sociedade contra essa fúria de tributar da administração chamada "Popular", mas não vou entrar, de forma alguma, nesse jogo que foi proposto, não hoje, mas tem sido proposto já há algum tempo. Eu faço questão de não entrar nele. Hoje, eu peço desculpas aos meus companheiros porque a vontade que tive foi esquecer que era Vereador, deixar o meu mandato e partir para resolver um problema que via que era um problema que não estava acontecendo dentro de um terreno de honestidade e de decência. Deu vontade. Peço desculpas até por ter passado por esse período de destempero, mas vou continuar a minha ação tranqüila, mas respeitando o Regimento. Qualquer assessor desta Casa, qualquer pessoa que conheça o Regimento desta Casa pode afirmar que o art. 92 é cristalino, não tem interpretação. A Procuradoria da Casa pode afirmar. Por que alguma coisa cristalina tem que ser vista pela Comissão de Justiça para dar parecer? Faço questão de não entender porque essas coisas estão acontecendo dentro desta Casa. Mas, penso que nós, Vereadores, temos obrigação de defendermos a sociedade contra essa ganância de tributar que estamos assistindo na tramitação desse projeto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Eu fiz um Requerimento para que fosse distribuído o Parecer da CCJ, e este Parecer que foi distribuído agora para mim não é o Parecer da CCJ. Porque o Parecer da CCJ eu rubriquei a primeira página e coloquei o meu voto porque era o meu direito. Era esse Parecer que eu queria. Este eu não considero o da CCJ.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa vai redistribuir com a sua assinatura. Não há problema. O que estava nas minhas mãos eu nem olhei.

Eu preciso, em nome da Mesa, dizer que tudo o que foi feito foi legal e regimental, não houve manobra nenhuma. Está dito.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA (Esclarecimento): Em relação ao que o Ver. João Dib disse, se ele já havia votado no Parecer da CCJ, se é verdadeiro isso, parece-me claro que não poderia ter pedido vistas. Aí já estava no processo de votação. Eu não participei da reunião, por isso peço esclarecimento da Mesa. Agora, se o Ver. João Dib assinou depois (...)

 

O SR. PRESIDENTE: Este Presidente não participou da Comissão a não ser como ouvinte neste segundo momento final. Segundo, o Parecer não foi votado. O Ver. João Dib solicitou licença do Presidente para colocar a sua assinatura, mas não houve votação. O Vereador pode confirmar. Então eu vou pedir vênia, vou pedir que haja esclarecimento ao próprio Presidente da Comissão, porque essa assinatura foi colocada por solicitação do Ver. João Dib e nós consideramos que foi uma posição política, a qual ele tem direito. Não houve, no meu entender, votação.

 

O SR. JOÃO DIB (Esclarecimento): No momento em que o Relator leu o seu Parecer, eu imediatamente proferi meu voto. Não tenho dúvida nenhuma de que no momento em que o Ver. João Motta teria que votar ou não, ele pediu, e tem direito a pedir.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Esclarecimento): Acredito que haja um problema mais de ordem formal. V. Exa. foi extremamente claro, estava presente. A CCJ - estou fazendo este esclarecimento, porque o Presidente não está no momento -, antes de votar o texto, ou seja, o mérito do Parecer, votou uma preliminar que foi levantada pelo Ver. João Motta, ou seja, o cabimento ou não do pedido de vistas. Quando essa votação foi proferida, e o Presidente já esclareceu, após a sua votação e conclusão dessa votação, o Ver. João Dib solicitou autorização para votar, independentemente do pedido de vistas. Realmente, o Ver. João Dib assinou o Parecer, eu verifiquei. Penso que o xerox foi tirado de uma das cópias que não havia sido assinada pelo Vereador. É um problema simples, formal, mas o Ver. João Dib pode ter o direito, já que a Comissão o deferiu, de assinar o Parecer, de que as cópias distribuídas sejam aquelas onde ele tenha a sua assinatura aposta. Obrigado.

 

O SR. JOÃO DIB (Esclarecimento): Eu não quero, eu não admito que se coloque dúvida de que votei antes do Ver. João Motta falar. Eu proferi meu voto imediatamente, quando foi lido o Parecer.

 

O SR. PRESIDENTE: A votação não existiu, Ver. João Dib. V. Exa. expressou o seu voto, embora não estivesse em votação. Esse foi o entendimento. E, depois, pediu para assinar, e o Presidente não disse que não.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA (Esclarecimento): Até para que não paire nenhuma dúvida, fui por quatro anos membros da CCJ. Jamais, ao longo desses anos na Comissão de Justiça, que na ocasião era presidida pelo Ver. Elói Guimarães, depois pelo Ver. Isaac Ainhorn, em nenhuma vez vi que fosse dado o direito de um Vereador assinar o seu voto numa matéria que não está em votação. Se a matéria está em votação, e é o caso, e se está em votação não poderia existir o pedido de vistas. Se não está em votação, conforme o Ver. Juarez Pinheiro e V. Exa. relataram, jamais poderia ter sido dado o direito ao Ver. João Dib assinar um documento que está em vistas. No momento em que está em vistas para o processo. Existem regras e essas não foram seguidas pela Comissão.

 

O SR. JOÃO DIB: Vou esclarecer como ocorreu o fato. O relator leu o Parecer e na realidade ele não disse que estava em votação. Proferi o meu voto imediatamente, voto esse que não será mudado e por isso resolvi assinar.

 

O SR. PRESIDENTE: Isso esclarece plenamente. Há uma lisura total, e a assinatura do Ver. João Dib não vale como voto. A assinatura do Ver. João Dib vale para muita coisa, mas neste caso é anti-regimental.

O Ver. Elói Guimarães, na presença dos demais membros da Comissão disse: “se V. Exa. quiser pode assinar, mas a votação não está sendo realizada porque o processo está em vistas.”

 O Ver. Carlos Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o assunto do IPTU é latente em nossa Cidade. E particularmente o PSB, no dia de hoje, sentiu-se duramente ofendido pelo Ver. Adeli Sell, do PT, que, em duas emissoras de rádio, colocou que não aceitaria chantagem por parte do PSB. E nós fomos buscar no dicionário o que é chantagem. Chantagem é extorsão de dinheiro ou favores sob ameaça de revelações escandalosas. Por isto o PSB vai buscar do Ver. Adeli Sell explicações. Mas o PSB tem muito mais a contribuir para a Cidade .

Durante todo o período do projeto que estabelece uma nova planta de valores e dá outras providências, que altera o cálculo do IPTU, o PSB manteve a sua coerência no trato do assunto. Procuramos dialogar, concentrando todos os esforços em construir uma proposta alternativa que viabilizasse o realinhamento dos valores venais, bem como não permitir que a capacidade contributiva da população e os investimentos aplicados na Cidade fossem prejudicados. Mas não obtivemos êxito.

 Como partido político, temos o entendimento claro de que é justa a realização do realinhamento dos valores venais e insistimos em dizer que procuramos contribuir com uma proposta alternativa. Na atual conjuntura política, social e econômica que atravessa o País, principalmente através das últimas medidas adotadas pelo Governo Federal, entendemos que um reajuste no valor venal do imóvel de até 9% para os residenciais e de até 14% para os territoriais e não-residenciais, acima do valor da inflação, portanto caracterizando aumento real, bem como autorizar alteração na planta de valores de até 150%, seria um ônus alto demais para a população, principalmente para a classe média, que sempre contribuiu e, nestes últimos dias, em virtude do pacote econômico, contribuirá ainda mais. Suscetível a severas críticas, também há a proposição de retirar do Poder Legislativo a prerrogativa de desempenhar, com pujança, suas atribuições legais, expressa no artigo 4º do Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 007/97, a qual externamos nossa posição de contradita.

Continuaremos sim, como os demais partidos do campo popular, buscando soluções para uma política social que possa contribuir com uma sociedade mais justa, fraterna e com menos desigualdades. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gerson Almeida está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. A bancada do PT e o Poder Executivo Municipal estão há muitos dias buscando discutir com todas as bancada, com todos os Vereadores e Vereadoras, sobre o projeto, não o Projeto de aumento do IPTU, mas o projeto de assegurar condições adequadas para podermos enfrentar a situação bastante adversa que todos os municípios e países estão sofrendo a partir de uma política econômica que tem sido cruel com os trabalhadores, com a população de um modo geral, e com os municípios, em particular.

Tudo o que aconteceu aqui hoje está assegurado pela mais genuína leitura e interpretação do Regimento Interno desta Casa. É importante num parlamento, numa democracia, que o Regimento seja o norteador sempre de todas as ações e que ele seja usado no limite, quando necessário, mas dentro das normas usuais. Essa é a garantia da democracia, caso contrário, nós teremos o Regimento da conveniência, cada artigo é interpretado de uma maneira, de acordo com o interesse de determinado grupo e, aí, nós estabeleceremos uma relação desleal, e nós não queremos relações desleais.

Nós fizemos 13 emendas hoje, a Bancada do PT e a Bancada do PPS. Uma Emenda no Projeto assegura que todas as residências com valor venal de até 13.300 UFIRs, ou seja, 220 mil, não terão nenhum aumento além da inflação. Todas as unidades não-residenciais até 60m2 e também no valor venal de 13.300 UFIRs - 36 mil profissionais liberais, os que trabalham em escritório ou comércio - não vão ter aumento acima da inflação. Outras 36 mil, que são isentas na atual política, manter-se-ão isentas. Ainda: a partir do ano 2.000, não haverá qualquer aumento acima da inflação. O Ver. João Dib tem dito, na sua interpretação do Projeto, que haverá abertura, a partir do ano 2.000, para aumentos de acordo com o Executivo. Nós fizemos uma Emenda para afirmar que não haverá essa abertura. Já discutimos com o Ver. Dib e consideramos a sua interpretação equivocada.

É bom que fique claro: com o Projeto que estamos apresentando, mais as Emendas, que têm sido negociadas com todos os partidos, especialmente com os partidos do campo democrático popular - o PDT e o PSB -, que nós queremos recompor, tão-somente os grandes proprietários urbanos de terrenos ou de grandes propriedades terão um aumento, modesto, é verdade - até, no máximo, 9 ou 14% -, mas acima da inflação. E nós consideramos isso justo, porque não são apenas aumentos do valor venal de 150%; são aumentos do valor patrimonial das suas propriedades. E a propriedade tem sido valorizada pelo esforço de toda a Cidade. Logo, é justo que uma pequena parte disso retorne a ela para que os serviços sejam mantidos e ampliados.

Teremos tempo; poderemos votar o Projeto sexta-feira. A Bancada do PT, o Executivo, querem recompor a unidade dos setores democráticos e populares e de todas as bancadas que não querem transitar de uma oposição ao Governo para uma oposição à Cidade. Nós temos a convicção de que derrotar esse Projeto tão-somente, sem apresentar uma alternativa, é condenar a Cidade de Porto Alegre a não só ser atacada pelo Governo Federal, pelo Governo Estadual, e também por uma maioria na Câmara de Vereadores como a não poder garantir a qualidade e a ampliação dos serviços. E nós não queremos isso, e não é só a Bancada do PT que não quer isso, tenho certeza que muitas Bancadas, como o PSB e o PDT, especialmente, não querem isso. E nosso esforço vai ser, neste processo, recompor uma proposta que coloque o Governador Britto e seus representantes de um lado, aqui dentro, e os demais em outro lado. Muito obrigado

 

(Não revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Com a palavra o Ver. Antonio Hohlfeldt, para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, no início da tarde de hoje eu alertava algumas lideranças da Casa para acontecimentos que já estavam previstos para a tarde de hoje, que o Partido de situação, impossibilitado de garantir a aprovação do Projeto, trataria de utilizar subterfúgios para evitar a votação no dia de hoje.

 Aconteceram as manobras previstas, que são manobras legais, regimentais, embora evidenciem, evidentemente, o desespero da situação e do Governo ao ver que não vai aprovar o Projeto do IPTU, que, ao contrário do que diz o Líder do PT, aumenta, sim, o Imposto, e aumenta muito.

 Mas, sobretudo, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero chamar a atenção de que a manobra de tergiversação de hoje tem um segundo objetivo, é que sexta-feira próxima nós temos eleição na OAB e, portanto, alguns Vereadores da Casa, que são, também, advogados, estarão envolvidos com a eleição da OAB. Teremos, quem sabe, uma oportunidade para complicarmos a votação aqui, pelo envolvimento natural dos Vereadores advogados com o outro pleito, que também tem sido bastante complicado.

 Vejam que quando o PT pediu que várias das lideranças de oposição ajudassem a prorrogar a votação do Projeto, esperando o retorno dos dois Vereadores viajantes, em representação da Casa, boa parte da oposição acedeu a isso, e fez, certamente, uma coisa que jamais o PT faria: deu a oportunidade de os dois Vereadores viajarem e aguardou a sua volta para a votação. A oposição, com tranqüilidade, porque sabe que tem os votos para derrubar o Projeto, teve aquele comportamento ético e de respeito para com a Bancada, que nem sempre o recebe lá na Assembléia Legislativa, lá no Congresso Nacional, e às vezes, até mesmo nesta Casa.

Depois de todas as manifestações, comentadas aqui, pelo Ver. Carlos Garcia, há pouco, o PSB continuou tentando ajudar o Governo, conversando com diferentes lideranças, no sentido de que se a Prefeitura, com humildade e com realismo, decidisse retirar o Projeto, que nós apoiássemos a retirada do Projeto, porque dependeria de uma votação de Plenário, e mais uma vez muitos de nós nos dispúnhamos a tentar ajudar, porque isso não é só uma questão de divergência partidária, mas é também, eventualmente, de pensar na Cidade. Tentou-se, antes com Substitutivo, e mais uma série de coisas, mas o PT se manteve intransigente até o momento em que viu, de fato, que perdia. Aí inventou emendas, aí veio de última hora com uma tentativa enorme de várias alternativas.

Quero dizer ao Sr. Presidente e aos Srs. Vereadores e companheiros do PT que me sinto muito tranqüilo, pois já vivi um episódio semelhante, há alguns anos, aqui nesta Casa.

O Presidente Clovis Ilgenfritz agiu com tranqüilidade, e o Ver. Luiz Braz disse, há pouco, que deveríamos ter, sim, tranqüilidade. Temos uma posição firmada; temos, no mínimo, 18 Vereadores clara e publicamente comprometidos com o seu voto. Atrasem um dia a mais, ou um dia a menos. Não há problema! Nós só temos que ter a clareza de que qualquer manobra que vise a votar primeiro o Orçamento e depois o IPTU não poderá vingar e se chegarmos a votar primeiro o Orçamento é evidente que não poderemos votar o Orçamento sem ter votado o IPTU. Se a Prefeitura quiser correr o risco de ficar com o Orçamento do ano passado que o faça porque vai ficar também sem Orçamento. Manobras regimentais são absolutamente legítimas, mas nós também as conhecemos e sabemos usá-las. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE: Para verificação de quórum tem a palavra o Sr. Secretário.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: (Procede à chamada dos Srs. Vereadores para verificação de quórum).

 

O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

Em votação o Requerimento, nº 284/97, de autoria do Ver. Clovis Ilgenfritz, solicitando que o período do Grande Expediente de 26.11.97 seja destinado a homenagear a Associação dos Dirigentes de Vendas do Brasil, ADVB.

Em votação. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Requerimento): Como V. Exa. falou na foto oficial que vai ser feita na sexta-feira pediria a V. Exa que pudéssemos, através das Diretorias, localizar na Casa a foto oficial da legislatura passada para que pudéssemos colocá-la ao lado da foto que será tirada desta Legislatura.

 

O SR. PRESIDENTE: A conotação histórica, para esta foto é a de 50 anos, de 1947/97. Mas de qualquer forma vamos localizar, e tenho certeza de que na exposição ou no catálogo a foto da Legislatura passada vai aparecer.

Requerimento nº 285/97, de autoria da Vera. Clênia Maranhão, que requer Moção de Solidariedade à Vereadora Sandra Araújo, do Município de Butiá, vítima de agressão física e verbal praticada pelo Prefeito daquele Município.

Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que estiverem de acordo permaneçam sentados. (Pausa). APROVADO.

Requerimento nº 288/97, de autoria do Ver. Luiz Braz, que requer Moção de Solidariedade ao Sr. Governador do Estado pela implantação do programa “Piá 2000”, em todos os Municípios do Estado.

 

O SR. GERSON ALMEIDA (Requerimento): Eu gostaria que o autor do Requerimento explicasse o que é o “Piá 2000”, quais os recursos orçamentários que estão disponíveis e o que fez exatamente esse Projeto.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Essa Moção de Solidariedade não é assinada apenas por este Vereador, apenas tivemos a primazia de colocar em primeiro lugar a assinatura neste documento. Mas também assinaram o Ver. Antonio Hohlfeldt do PSDB; a Vera. Clênia Maranhão do PMDB; a Vera. Anamaria Negroni do PSDB; o Ver. João Dib do PPB; o Ver. Reginaldo Pujol do PFL e Ver. Paulo Brum da nossa Bancada. E digo ao Vereador que lidera a Bancada do PT, que este programa “Piá 2000” vem apenas para complementar uma área em que o nosso Município é extremamente carente, que é a área do menor. Ele já está, na realidade, sendo executado praticamente em todos os municípios do Rio Grande do Sul. A Prefeitura de Porto Alegre se negou a assinar um convênio com o Governo do Estado possibilitando que esse programa “Piá 2000” também pudesse vir causar benefícios em Porto Alegre, através da própria Prefeitura.

Ele não vem para retirar os programas da Prefeitura e substituí-los; ele vem em forma de complemento. Ele vem para atender o menor carente nas escolas e no campo da Saúde, evitando esse alto índice de mortalidade infantil que temos. Acredito que são recursos a mais que devem vir para o nosso Município e que deveriam ser recursos muito bem aceitos. Estamos lembrando na nossa Exposição de Motivos que não devemos fazer aqui uma briga ideológica, de partidos. Ao contrário, devemos somar todos os esforços do Município para atender essa área com os esforços feitos pelo Governo do Estado que procura atender não apenas o Município de Porto Alegre, mas procura atender os municípios do Rio Grande do Sul para evitar que menores sofram por falta de recursos porque o Governo do Município não consegue atender todos os que precisam de atendimento nessa área. Saudamos esse Projeto “Piá 2000” e cumprimentamos o Sr. Governador do Estado pela sua atitude de tentar minimizar os problemas que acontecem com o menor carente.

Acreditamos que poderíamos dentro do Rio Grande do Sul se não for através do Governo do Estado, quem sabe através de outras iniciativas, ou de um apoio da Câmara Municipal fazer com que esse Projeto gere alguns benefícios no território de Porto Alegre. Não sei por que excluir Porto Alegre desse programa, não sei por que espantar esses recursos. Queremos que esses recursos estejam também no nosso Município causando benefícios. Não que os recursos aplicados atualmente pelo Governo do Município sejam retirados, mas que possam ser complementados por esse Projeto. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador. )

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a palavra, para encaminhar o Requerimento nº 288/97.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr. Secretário, Senhores e Senhoras, dirigentes do Sindicato dos Municipários.

 O Ver. Luiz Braz nos apresenta este Requerimento de Moção de Solidariedade e eu posso falar com muita tranqüilidade sobre o assunto, porque o Coordenador do Projeto “Piá 2000” é o ex-Prefeito de Santa Rosa, Osmar Terra, que a maioria, aqui, conhece, nosso amigo pessoal.

 Trabalhamos com o ex-Prefeito Osmar Terra na Prefeitura de Santa Rosa numa coligação com o Partido dos Trabalhadores. Eu só quero fazer uma referência, meu caro Ver. Luiz Braz, ao seu Requerimento, quando fala na implantação do Programa “Piá 2000” em todos os Municípios do nosso Estado. Nós precisamos fazer uma correção, porque não está implantado em todos os Municípios. Pelo contrário, foram escolhidos em torno de uma centena de Municípios, os mais pobres, em primeiro lugar. Foram feitos levantamentos, não do Governo do Estado, necessariamente, mas levantamentos que o IBGE já tinha sobre esta questão e outras instituições.

Quanto à possibilidade de parceria com Porto Alegre, cabe esclarecer o seguinte: não há uma negativa do Governo Municipal, há algumas dificuldades de acerto no Programa “Piá 2000”, com as atividades desenvolvidas na FESC. O nosso Município está querendo, precisa e está demandando mais verbas do Governo do Estado, do Governo Federal para esta e outras tantas questões. Então, seria infantil da nossa parte, não seria uma atitude madura, portanto, dizer que nós não queremos verbas, não queremos este Convênio.

Estive em audiência com o Coordenador deste Programa, fiz contato com a nossa Administração, fiz contatos, a pedido do Coordenador, com Municípios administrados pelo PT, inclusive com a nossa vizinha Viamão, um dos Municípios que necessita desse tipo de recurso. Queremos que esses recursos se estendam a outros municípios muito necessitados, mas queremos chamar a atenção do Vereador para a necessária mudança, porque não podemos concordar que seja uma implantação em todos os municípios do Rio Grande do Sul. É um programa meritório e talvez devêssemos aqui na Câmara Municipal chamar . a Coordenadora da FESC, o Coordenador do Programa “Piá 2000” para que pudéssemos aparar algumas arestas caso ainda permaneçam esses problemas, para que de fato possamos assinar este convênio para Porto Alegre que, também, tem necessidade.

Gostaríamos que houvesse uma mudança, pois não podemos votar em um programa que consideramos meritório, mas que não atende de perto as necessidades do Rio Grande do Sul e não atende a todos os municípios.

Faço um apelo a Vossa Excelência para que busque na Comissão de Saúde e Meio Ambiente onde temos Vereadores da nossa Bancada, onde Vossa Excelência tem Vereadores da sua Bancada, para fazer essa ponte necessária ente o Poder Público Municipal e o Estadual, para que possamos ter esse projeto implantado aqui em Porto Alegre, mas não há rejeição de nossa parte. Este Vereador fez até uma visita ao Coordenador e não tem objeção alguma se isso for mudado no seu Requerimento. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Questão de Ordem.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Esclarecimento): Concordo com a afirmação do Ver. Adeli Sell. Nós mudamos, na justificativa, a expressão "todos os municípios", porque o Projeto está em fase de implantação - são mais de uma centena de municípios - e mudamos o texto da nossa justificativa para "quase todos", porque o que votamos é o texto da Moção de Solidariedade e não a justificativa. A justificativa não é votada, mas eu concordo com a correção que é apontada pelo Ver. Adeli Sell.

 

O SR. PRESIDENTE: Isso deve ser feito e rubricado mesmo que seja manuscrito e depois deve passar para a Mesa.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Faremos isso.           

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Antonio Hohlfeldt, para encaminhar o Requerimento nº 288/97.

 

 O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós assinamos em conjunto esse Requerimento do Ver. Luiz Braz porque o material a que tivemos acesso há algum tempo - o “ Piá 2000” - é um Projeto que nasceu de um convênio com a UNICEF, em 1995, e tem basicamente como objetivo crianças do Rio Grande do Sul. São dois subprogramas básicos. O primeiro, é uma ação integrada de combate à mortalidade na infância e ao analfabetismo. O segundo subprograma: intervenção na problemática de crianças e adolescentes em situação de rua.

O Ver. Adeli Sell coloca que há interesse do Governo Municipal através da FESC. Acho que, de fato, é através da FESC que isso deve ser feito. Agora, quando vejo, como vi hoje, à tarde, o Diretor de Recursos Humanos da FESC passar a tarde inteira, aqui, para assistir a votação do IPTU, parece que não tem mais nada que fazer na FESC, nem pagar os funcionários que ganharam a insalubridade, fico duvidando se realmente a FESC está aí para trabalhar com questão da assistência social. Viamão, citado pelo Ver. Adeli Sell, participa dos dois subprogramas. Temos também Alvorada, Bagé, Canoas, Caxias do Sul, Gravataí, Novo Hamburgo, Passo Fundo, Pelotas, Rio Grande, Santa Maria, São Leopoldo, Sapucaia do Sul, Uruguaiana participam dos dois subprogramas, para não falarmos de mais de uma centena de municípios, independente do Partido ao qual pertença o Prefeito que administra o município.

O que me chama a atenção é a preocupação do Governo do Estado de não perder dinheiro, de não haver sobreposição da atividade pública. Nós temos uma organização de várias secretarias de estado, mais as secretarias municipais dos municípios onde o projeto ocorre e, sobretudo, o que me parece que dá tranqüilidade é fato de que, inclusive, o Projeto “Piá 2000” foi reconhecido, formalizado, oficializado pela UNICEF que, como se sabe, não é partidária e tem acompanhamento técnico permanente, inclusive, para julgar da qualidade, dos eventuais equívocos de desvios, mas também para reconhecer o encaminhamento. A mesma Prefeitura de Porto Alegre que também é capaz de trabalhar com a UNICEF e trazer para Porto Alegre apoio com relação a uma série de projetos, parece-me que é fundamental, sim, que Porto Alegre também participe. E acho, Ver. Adeli Sell, que V. Exa. coloca muito bem, acho que a Comissão de Saúde, a Comissão de Direitos Humanos, a Comissão de Educação, várias comissões nossas poderiam intermediar essas questões.

Agora, vejam os Srs. Vereadores, é bom não esquecer que nem sempre a Prefeitura quer intermediações. Muitos Vereadores desta Casa se envolveram com a questão da Pista de Eventos do Menino Deus e foram, de uma certa maneira, xingados, diminuídos pelo Executivo Municipal, que disse que a coisa já está decidida e não adianta a Câmara se mexer em contrário.

Talvez neste caso específico, através da palavra do Ver. Adeli Sell, nós tenhamos mais sorte.

E acho que a proposta que o Ver. Adeli Sell levanta deve, sim, ser levada em conta; e esta Casa tem a obrigação, ao lado do direito, de tentar fazer uma mediação. Nós não podemos é simplesmente ignorar o projeto, não podemos simplesmente, dentro de diferenças partidárias, preferir não trazer dinheiro, fundos para o Município num projeto como este, fundamental, que é o de acompanhamento de crianças de rua, o acompanhamento e encaminhamento de soluções em relação ao analfabetismo. Quem sabe até mesmo o projeto MOVA possa ter apoio, através deste projeto “Piá 2000”.

Enfatizo, de toda maneira, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que a assinatura que colocamos no Requerimento de autoria do Ver. Luiz Braz tem aquela mesma lógica que me levou a trabalhar junto com o Ver. João Motta, há poucos dias, com relação aos Conselhos Tutelares: penso que quando se toca em criança a coisa é muito mais séria, está muito maior e muito além de diferenças eventuais entre os partidos políticos.

Ficarei, de fato, satisfeito, se também o PT votar essa Moção de Apoio ao Projeto, não ao Governador, mas de apoio a um projeto que tem o amparo da UNICEF. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Colocaremos em votação com o adendo feito pelo Ver. Luiz Braz, que em vez de "todos" colocou "inúmeros".

Em votação. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, com as abstenções dos Vereadores José Valdir e Renato Guimarães e, ainda, declaração de Voto do Ver. José Valdir. (Lê.)

“Declaração de Voto

Abstenho-me de votar favoravelmente à Moção de Solidariedade ao Governo do Estado pelo Projeto ”Piá 2000”, por entender que o Estado não está cumprindo a legislação em repassar os recursos para os Fundos Municipais da Criança e do Adolescente e de assistência Social.

a) Ver. José Valdir.”

 

O SR. PEDRO RUAS: Requeiro a V. Exa. que a nossa foto comemorativa dos 50 anos seja realizada na segunda-feira. Este Vereador, assim como outros, dificilmente poderá comparecer no início da Sessão de sexta-feira, em função do processo eleitoral da OAB. Esse Requerimento é importante, na medida em que seria motivo de extremo orgulho para todos nós estarmos na foto e, ao mesmo tempo, de profunda tristeza, termos que entrar através do processo eletrônico.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa fará essa proposta na sexta-feira

 

O SR. SECRETÁRIO: Requerimento do Ver. Pedro Américo Leal que requer pagamento de meia-diária referente à representação externa em Caxias do Sul, onde participou de debate sobre o Orçamento Participativo. Em votação. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade dos presentes.

                       

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL

 

PROC. 2763/91 -  VETO PARCIAL ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 237/91, de autoria do Ver. Antônio Losada, que dispõe sobre a utilização de bens do Município de Porto Alegre e dá outras providências.

 

Parecer

- da CCJ. Relator Ver. Juarez Pinheiro: pela manutenção do Veto Parcial.

 

Obs:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA - Art. 77, § 4º, da LOM;

- votação nominal nos termos do Art. 174, II, do Regimento da CMPA.

 

Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:

SIM - aprova o Projeto, rejeita o Veto;

NÃO - rejeita o Projeto, aceita o Veto.

 

O SR. PRESIDENTE: Discussão geral e votação. PLL nº 237/91. Visualmente não há quórum.

Estão encerrados os trabalhos.

 

(Encerra-se a Sessão às 19h49min.)

 

* * * * *